Ao instalar Comissão da Verdade, Dilma que não há ‘ódio’ ou ‘revanchismo’
16 de maio de 20120A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta (16), em solenidade no Palácio do Planalto, que a instalação da Comissão da Verdade não é motivada por “ódio”, “revanchismo” ou “desejo de reescrever a história”.
A Comissão da Verdade é formada por sete integrantes: José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique), Gilson Dipp (ministro do STJ e do TSE), Rosa Maria Cardoso da Cunha (ex-advogada de Dilma Rousseff), Cláudio Fonteles (ex-procurador-geral da República no governo Lula), Maria Rita Kehl (psicanalista), José Paulo Cavalcanti Filho (advogado e escritor), Paulo Sérgio Pinheiro (ex-secretário de Direitos Humanos).
“Ao instalar a Comissão da Verdade não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu”, afirmou a presidente em discurso. “Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la [a verdade] em sua plenitude, sem ocultamento”, declarou.
No discurso, a presidente se emocionou – e, em seguida, foi aplaudida de pé – ao se referir a vítimas de violência durante o regime militar. Militante política de esquerda, a presidente foi torturada no combate à ditadura.
“O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia”, afirmou, antes de, emocionada, interromper o discurso.
Em sua fala, Dilma fez referência ao deputado Ulysses Guimarães (PMDB-SP), presidente da Câmara morto há 20 anos, segundo o qual “a verdade não morre por ter sido escondida”.
Com a instalação da comissão, os sete integrantes terão dois anos para apresentar um relatório com a narrativa e as conclusões sobre os crimes cometidos.
“Ao convidar os sete brasileiros que aqui estão que integrarão a Comissão da Verdade, não fui movida por critérios pessoais ou por avaliações subjetivas. Escolhi um grupo plural de cidadãos de reconhecida competência, sensatos e ponderados”, declarou a presidente.
Na solenidade, Dilma também assinou termo pelo qual entrou em vigor, nesta quarta, a Lei de Acesso à Informação. “Fiscalização controle e avaliação são a base de uma ação pública ética e honesta”, disse, em referência à lei.
O grupo terá a missão de investigar e narrar violações aos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988 (que abrange o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra até a publicação da Constituição Federal).O grupo apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura e vai funcionar por dois anos. Ao final deste prazo, a Comissão deverá elaborar um relatório em que detalhará as circunstâncias das violações investigadas
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