terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Juiz Julier nega articulação ENTREVISTRA ECLUSIVA NA MIDIANEWS(JCNWES).

  • Julier nega articulação para as eleições em 2012




  • Se receber convite para disputar, juiz federal diz que irá "pensar a respeito e com bastante carinho"





  • Secom-MT

    Julier em audiência com o governador Silval: juiz nega articulação para disputar a Prefeitura

    RODRIGO VARGAS E RAMON MONTEAGUDO
    DA REDAÇÃO
    Em setembro passado, uma pesquisa realizada pelo instituto Voice apontou o juiz federal Julier Sebastião da Silva com 1,7% das intenções de voto numa eventual disputa pela Prefeitura de Cuiabá, em 2012.

    Em entrevista exclusiva ao MIDIANEWS , o magistrado procurou minimizar o resultado, mas reconheceu que costuma ser assediado por eleitores que encontra nas ruas.

    "Na rua, no posto de gasolina, no mercado, as pessoas falam: "Doutor, o senhor não vai ser candidato?", revelou.

    Quando questionado sobre as reais chances de trocar os tribunais pela carreira política, porém, o juiz evita responder.

    "O que posso dizer é que tenho muito carinho por este reconhecimento e sou grato à população por se lembrar do meu nome. Isso mostra que não tenho trabalhado em vão, sem resultados", afirmou.

    Julier negou os rumores de que já estaria se articulando politicamente para viabilizar uma possível candidatura a prefeito no ano que vem.

    "O que existe hoje é que sou juiz há 16 anos, exercendo meu trabalho com muita dedicação, uma pessoa pública conhecida no Estado inteiro. O resto, o tempo dirá", afirmou.

    Para o juiz, Cuiabá enfrenta "problemas sérios do ponto de vista administrativo", com alta inadimplência do IPTU, saneamento básico insuficiente e um sistema de saúde "falido".

    Confira a seguir os principais trechos da segunda parte da entrevista com Julier Sebastião:

     MIDIANEWS- Uma pesquisa de opinião realizada em setembro passado, na modalidade estimulada, indicou o seu nome com 1,7% das intenções de voto para prefeito de Cuiabá em 2012. O resultado o surpreende?

    JULIER
    - Sou um agente público conhecido, daqui da região, então é normal que seja assim. Mas isso, por si só, não quer dizer nada. Se você colocar o nome do Faustão em uma lista de candidatos a prefeito, ele também vai ser citado por alguns eleitores.

    MIDIANEWS - Mas, há algum tempo, se ouve falar que existe uma articulação em curso para uma possível candidatura. O que há de real e o que há de especulação nesse campo?

    JULIER
    - O que existe hoje é que sou juiz. Sobre as especulações, eu uso a sabedoria popular, que diz que o apressado come cru. Estamos muito longe para falar sobre isso. Eu me lembro que, em 2006, disseram que eu seria candidato, depois passaram para 2008, 2010. Agora, falam em 2012.

    MIDIANEWS - O senhor não será candidato em 2012?

    JULIER
    - Eu, a princípio, não tenho essa motivação. Além do mais, como juiz, eu aprendi que você só fala do que tem, não do que não tem. Eu não vou falar de 2012. Nem de 2014. Até hoje, ninguém chegou e me falou: "Ô, Julier, você quer ser prefeito?". O que existe hoje é que sou juiz há 16 anos, exercendo meu trabalho com muita dedicação, uma pessoa pública conhecida no Estado inteiro. O resto, o tempo dirá.

    MIDIANEWS - Quer dizer que o senhor não descarta a possibilidade? Haveria ao menos uma simpatia em relação ao caminho da política?

    JULIER
    - Vou te dar um exemplo. Eu não sei pescar, mas, se alguém me perguntar se posso aprender até 2012, direi que sim. O que há hoje, e isso eu tenho como juiz, tive como procurador e vou ter ao longo da minha vida, é uma preocupação de que os serviços públicos atendam à população de forma correta, de que haja políticas públicas para a redução da desigualdade de renda, que haja medidas apropriadas a que nossos filhos e netos estudem em boas escolas públicas, que não sejamos obrigados a viver o caos na saúde em Cuiabá e Várzea Grande, que o saneamento chegue não só à casa do rico, mas também à casa do pobre, que o IDH do Estado melhore. Esse é o desejo. Agora, esse objetivo eu persegui como procurador do Estado, busco como juiz federal e posso vir a perseguir em qualquer outro cargo que eu venha a ocupar.

    MIDIANEWS - Há pessoas que são categóricas em afirmar que jamais se envolveriam com política. Não parece ser o seu caso.

    JULIER
    - Eu confesso que sou assediado. Quando digo que não recebi convites, me refiro aos partidos, mas, na rua, no posto de gasolina, no mercado, as pessoas falam: "Doutor, o senhor não vai ser candidato?". Isso é fato para se pensar? É fato para se respeitar. O que posso dizer é que tenho muito carinho por este reconhecimento e sou grato à população por se lembrar do meu nome. Isso mostra que não tenho trabalhado em vão, sem resultados. Isso até me lembra de um fato: se eu fosse somar todo o dinheiro que eu ajudei a economizar para o erário, passaria da casa dos bilhões. Então, acho que, se um dia essa questão me for formulada, eu pensarei a respeito com bastante carinho.

    MIDIANEWS - O exemplo do senador Pedro Taques o anima?

    JULIER
    - Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

    MIDIANEWS - Mas, o senador, que é seu amigo, já lhe fez algum convite neste sentido? Recentemente, um encontro que vocês tiveram em um hotel despertou especulações.

    JULIER
    - Naquele dia específico, eu estava conversando com ele sobre o projeto de reforma do Código de Processo Penal. Eu estava sugerindo a ele algumas proposições específicas para alterações no código. Foi uma conversa mais jurídica.

    MIDIANEWS - Sim, mas, até mesmo pela amizade, vocês devem conversar sobre o assunto.

    JULIER
    - Mas é que está muito longe. Se você me perguntar em 2012 se posso ser candidato a prefeito, poderei te responder. Se me perguntar em 2014, posso te responder. Agora, isso não existe. A gente fala de futebol, do Barcelona goleando o Santos, essas coisas de política não se encaixam em conversa de amigos.

    MIDIANEWS - Como avalia a eleição de Pedro Taques ao Senado. Houve ali a sinalização de um clamor popular?

    JULIER
    - Vejo como fruto de um novo ambiente que se colocou na população brasileira. A Ficha Limpa foi de iniciativa popular. Ela é reflexo de uma nova postura da população de tentar qualificar a sua representação política.

    MIDIANEWS - Ainda no campo das especulações políticas, e considerando o episódio da reclamação disciplinar, crê que encontraria dificuldades para se relacionar com a classe política local?

    JULIER
    - Você tem que encarar estas questões com espírito desarmado e democrático. Senão vai sair dando soco em todo mundo que discorda de você. Convivência democrática pressupõe equilíbrio. Então, obviamente, o interesse público é que tem de guiar estas questões. Não estamos no parlamento coreano, em que tudo se resolve no tapa. As pessoas têm que se relacionar adequadamente, de acordo com o seu histórico. Eu tenho orgulho da minha história e ela vai me acompanhar aonde eu for.

    MIDIANEWS - O senhor acha que o crescimento econômico dos últimos anos se refletiu na mesma medida na vida da população mato-grossense?

    JULIER
    - Não. É evidente que temos descompasso entre o PIB do Estado e a melhoria das condições de serviços públicos essenciais como saúde, educação, segurança pública e saneamento. Eu sempre vejo nos jornais que Mato Grosso está entre os primeiros em produção e exportação de produtos agrícolas, então é importante que isso seja revertido para áreas fundamentais.

    MIDIANEWS - Sob o ponto de vista administrativo, como avalia a situação de Cuiabá?
    JULIER - Cuiabá tem problemas sérios do ponto de vista administrativo. Eu dou um exemplo: Cuiabá tinha R$ 500 milhões para investir em saneamento, que era um dinheiro que vinha da União, por meio do PAC. E, até hoje, nada. Independentemente dos problemas de malversação e criminais, tinha que ter sido dada continuidade. Existem três problemas básicos que têm de ser resolvidos em Cuiabá e que são responsabilidade da prefeitura: o Pronto-Socorro, o saneamento e a questão fiscal. O índice de inadimplência da cidade é monstruoso. Qualquer prefeito sério vai ter que fazer uma medida impopular, que é cobrar o IPTU, para que seja possível resolver os outros dois problemas, que são crônicos. Tem que ter política fiscal adequada, ou seja, IPTU progressivo. É o principal imposto da cidade.

    MIDIANEWS - O Pronto-Socorro viveu momentos críticos em 2011.

    JULIER
    - O Pronto-Socorro ilustra a questão da Saúde, ou seja, o sistema de Cuiabá está falido. Tanto é que estão falando em passar a gestão para o Estado, o que acho que não seria a melhor solução para o problema. Enfim, há que se melhorar muito o sistema. Eu acho que Cuiabá vem enfrentando problemas sérios.

    MIDIANEWS - O senhor é favorável à privatização da Sanecap?

    JULIER
    - Eu acho que a privatização nem sempre é o melhor caminho para algumas questões. O Estado deve sempre manter sob seu controle mais direto os setores essenciais à população. Também acho que este tipo de decisão deve ser discutido de forma ampla, democrática, não deve ser feita às escondidas e acho que deveria ser feita depois da eleição municipal. Este assunto deveria ser debatido na eleição e o prefeito que fosse eleito obviamente teria de debater esta proposta e levá-la ao conhecimento da população. Neste caminho, o da transparência, seria melhor.

    MIDIANEWS - Como o senhor define política?

    JULIER
    - Os gregos já fizeram isso muito bem quando disseram que política é arte de bem administrar a polis, com todos participando e definindo seus rumos. No conceito moderno, política é a melhor forma de gerir o Estado e atender ao interesse da população. Não tem porque existir Governo, se não for para atender à população
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