Ameaça nuclear
Irã quer negociar após anúncio de avanços no setor nuclear
Diálogo com as potências ocidentais está interrompido desde janeiro de 2011

O chefe dos negociadores nucleares iranianos, Said Jalili, respondeu a uma carta enviada em outubro pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, representante do grupo 5+1, sobre a possibilidade de reinício das negociações. As últimas conversações aconteceram em janeiro de 2011 em Istambul, Turquia. O Irã parece ter esperado o anúncio de seus avanços nucleares para dar sua resposta a Ashton. O presidente Mahmoud Ahmadinejad e outros dirigentes iranianos repetiram que o Irã obteve progressos, apesar de todas as pressões e sanções internacionais. "Negociar em posição de força" é a manchete do jornal oficial iraniano.
O Irã anunciou na quarta-feira que conseguiu produzir o próprio combustível nuclear a 20% para seu reator de pesquisas, depois que várias autoridades e especialistas nucleares ocidentais afirmaram que o país não possuía as capacidades tecnológicas. Da mesma forma, Ahmadinejad declarou que o Irã aumentou em 50% o número de centrífugas de primeira geração em funcionamento, passando de 6.000 a 9.000. Também anunciou que os cientistas iranianos fabricaram uma nova centrífuga, de quarta geração, três vezes mais potente que as existentes.
Receio - Os anúncios demonstraram a vontade e determinação de Teerã de prosseguir com o programa nuclear, apesar das sanções ocidentais, em particular sobre o petróleo. Israel e Estados Unidos, que suspeitam que o Irã deseja fabricar armamento atômico, afirmaram em várias ocasiões que não descartam o uso da força contra a República Islâmica.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, afirmou nesta quinta-feira que o Irã exagera seu êxito. "Os iranianos continuam avançando, mas o que foi apresentado ontem (quarta-feira) foi um espetáculo. Há várias coisas que foram apresentadas de forma exagerada, em parte para dissuadir o mundo de interferir com eles", disse. "Os iranianos querem dar a impressão de que superaram o ponto de não retorno, o que não é verdade", acrescentou. "Francamente, não vemos nada de novo", declarou também uma fonte do Departamento de Estado americano.
A Rússia pediu ao Irã uma cooperação maior com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "O mais importante é que tudo o que foi anunciado e feito no setor nuclear permaneça sob controle total da AIEA", declarou o chanceler russo Serguei Lavrov. Moscou também defendeu a retomada rápida das negociações entre o Irã e as grandes potências, além de ter afirmado que as sanções não têm efeito sobre Teerã. Uma nova delegação de alto nível da AIEA deve ter novas reuniões na segunda-feira no Irã para questionar as ambiguidades e responder as perguntas sobre uma possível dimensão militar das atividades nucleares.
(Com agência France-Presse
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