sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ameaça nuclear

Ameaça nuclear

Irã quer negociar após anúncio de avanços no setor nuclear

Diálogo com as potências ocidentais está interrompido desde janeiro de 2011

Ahmadinejad (à dir.) mostrou avanços do programa nuclear ao lado de cientistas Ahmadinejad (à dir.) mostrou avanços do programa nuclear ao lado de cientistas (Reuters)
O Irã voltou a falar em "negociar" com as potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha), um dia depois de anunciar uma série de avanços importantes em seu programa nuclear. "Sempre recebemos favoravelmente o princípio de negociações e pensamos que, com um enfoque positivo e um espírito de cooperação, podemos fazer progressos", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.
O chefe dos negociadores nucleares iranianos, Said Jalili, respondeu a uma carta enviada em outubro pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, representante do grupo 5+1, sobre a possibilidade de reinício das negociações. As últimas conversações aconteceram em janeiro de 2011 em Istambul, Turquia. O Irã parece ter esperado o anúncio de seus avanços nucleares para dar sua resposta a Ashton. O presidente Mahmoud Ahmadinejad e outros dirigentes iranianos repetiram que o Irã obteve progressos, apesar de todas as pressões e sanções internacionais. "Negociar em posição de força" é a manchete do jornal oficial iraniano.
O Irã anunciou na quarta-feira que conseguiu produzir o próprio combustível nuclear a 20% para seu reator de pesquisas, depois que várias autoridades e especialistas nucleares ocidentais afirmaram que o país não possuía as capacidades tecnológicas. Da mesma forma, Ahmadinejad declarou que o Irã aumentou em 50% o número de centrífugas de primeira geração em funcionamento, passando de 6.000 a 9.000. Também anunciou que os cientistas iranianos fabricaram uma nova centrífuga, de quarta geração, três vezes mais potente que as existentes.
Receio - Os anúncios demonstraram a vontade e determinação de Teerã de prosseguir com o programa nuclear, apesar das sanções ocidentais, em particular sobre o petróleo. Israel e Estados Unidos, que suspeitam que o Irã deseja fabricar armamento atômico, afirmaram em várias ocasiões que não descartam o uso da força contra a República Islâmica.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, afirmou nesta quinta-feira que o Irã exagera seu êxito. "Os iranianos continuam avançando, mas o que foi apresentado ontem (quarta-feira) foi um espetáculo. Há várias coisas que foram apresentadas de forma exagerada, em parte para dissuadir o mundo de interferir com eles", disse. "Os iranianos querem dar a impressão de que superaram o ponto de não retorno, o que não é verdade", acrescentou. "Francamente, não vemos nada de novo", declarou também uma fonte do Departamento de Estado americano.
A Rússia pediu ao Irã uma cooperação maior com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "O mais importante é que tudo o que foi anunciado e feito no setor nuclear permaneça sob controle total da AIEA", declarou o chanceler russo Serguei Lavrov. Moscou também defendeu a retomada rápida das negociações entre o Irã e as grandes potências, além de ter afirmado que as sanções não têm efeito sobre Teerã. Uma nova delegação de alto nível da AIEA deve ter novas reuniões na segunda-feira no Irã para questionar as ambiguidades e responder as perguntas sobre uma possível dimensão militar das atividades nucleares.
(Com agência France-Presse

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