sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Após morte de 89 crianças, Xavantes cobram melhoria na saúde em MT

Após morte de 89 crianças, Xavantes cobram melhoria na saúde em MT

Índios pedem mais estrutura e atendimento médico nas aldeias do estado.
Mortes ocorreram em 2011 e foram confirmadas pelo Ministério da Saúde.

Iara VilelaDo G1 MT
Comente agora

Um total de 89 crianças indígenas da etnia Xavante morreram durante o ano de 2011 em Mato Grosso. Conforme o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a maioria das mortes poderia ser evitada se houvesse um melhor atendimento médico nas aldeias. O Ministério da Saúde afirma que houve reforço no atendimento na região.
Os xavantes reclamam que falta estrutura no atendimento da saúde indígena. Por isso, desde o dia 8 de fevereiro, representantes de várias aldeias da região de Barra do Garças, distante 516 quilômetros de Cuiabá, invadiram a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Cerca de 30 índios continuam no local e apenas nesta quinta-feira (16) é que eles permitiram que os servidores voltassem a trabalhar.
Entre as aldeias da região, a que mais registrou mortes de crianças foi a aldeia São Marcos, que fica nas proximidades da cidade de Barra do Garças. A aldeia é liderada pelo cacique Raimundo Urebete Airero e, segundo ele, 38 crianças com idades entre 0 e 4 anos morreram no local em 2011.
Em entrevista ao G1, o cacique contou que na maioria das vezes o diagnóstico era de que as crianças sofriam de desnutrição. “Na aldeia fica um técnico em enfermagem. Quando as crianças começavam a passar mal, o técnico dizia que era desnutrição. Não sabemos porque tanta criança teve isso (desnutrição), já que não falta alimento pra gente”, analisou o cacique.
Raimundo Airero afirmou que faltam remédios para os índios e que o transporte de pacientes da aldeia até a cidade é difícil. “Temos apenas um carro e como a estrada é de terra, às vezes ele estraga”, declarou.
Gilberto Vieira, coordenador do Cimi em Cuiabá, afirmou que desde 2009 acompanha as reclamações acerca da falta de estrutura na saúde indígena. Desde essa época, as doenças que atingem as crianças são praticamente as mesmas. “Dos anos anteriores, as doenças registradas são desnutrição e problemas respiratórios. São doenças de fácil tratamento e se realmente houvesse um bom tratamento, essas crianças não morreriam”, destacou.
O coordenador afirmou ainda que o índice de mortes aumentou depois que um grupo de atendimento de emergência montado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) deixou de atender as aldeias xavantes. “Em 2010 houve uma ação da Sesai para atender essas aldeias. O atendimento emergencial foi feito, médicos e enfermeiros de vários lugares do país vieram, fizeram um mutirão e foram embora. Depois que eles deixaram as aldeias, a situação voltou a se agravar”, detalhou.
O Ministério da Saúde informou ao G1 que foi notificado sobre as 89 mortes de crianças xavantes e que a situação está sendo monitorada pelos técnicos do órgão. Ainda de acordo com o Ministério, desde 2010 houve um reforço nas ações de saúde e assistência na região de Barra do Garças, inclusive com a contratação de 143 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas, dentistas,agentes indígenas de saúde e saneamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário