quinta-feira, 15 de março de 2012

Bebida faz parte de compromisso do governo com a Fifa, diz Aldo Rebelo

Em nota, ministro do Esporte mencionou projeto original da Lei da Copa.
Proposta enviada pelo Executivo excluía proibição do Estatuto do Torcedor.

Renan RamalhoDo G1, em Brasília
29 comentários

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)O ministro do Esporte, Aldo Rebelo
(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, divulgou nota oficial na noite desta quarta-feira (14) afirmando que o governo assumiu compromisso com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) em relação à venda de bebidas durante a Copa do Mundo de 2014.
No comunicado, ele "esclarece" que o compromisso constava no projeto original da Lei Geral da Copa enviado pelo Executivo ao Congresso. Se aprovada, a nova lei valerá só para o evento. O texto original excluía trecho do Estatuto do Torcedor que veta nos estádios "porte de bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência".
"O governo federal esclarece que o compromisso assumido junto à Fifa relativo à venda de alimentos e bebidas nos estádios e outros locais durante a Copa do Mundo consta do projeto de lei originalmente encaminhado ao Congresso Nacional, em seus artigos 34 e 43, os quais foram mantidos no texto do relator aprovado pela comissão especial", diz a íntegra da nota.
A mensagem desmente deputados governistas que, nesta quarta, disseram que não havia esse compromisso por parte do governo quando se candidatou a sediar o torneio. Eles usaram esse argumento para retirar o assunto do projeto e criar consenso para a votação, adiada para a semana que vem. As bebidas são o principal foco de divergência entre os deputados.
O ministério informou ainda, via assessoria de imprensa, que voltaria às negociações para manter o artigo sobre as bebidas no projeto, que ainda precisa passar pelo plenário da Câmara e pelo análise do Senado.
Acordo
O "acordo" para retirar as bebidas do texto foi anunciado pelo novo líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o líder do PT, Jilmar Tatto (PT-SP), após uma renião de líderes na Câmara com a presença da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
"Está havendo um amplo entendimento de que não houve compromisso do Brasil em liberar as bebidas. O estatuto proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Não há compromisso do governo em fazer uma excepcionalidade", disse Tatto, em referência ao Estatuto do Torcedor.
Arlindo Chinaglia disse que, com a venda de bebidas retirada do texto, a regulamentação ficaria a cargo dos governos estaduais. "Se não for incluída no texto a liberação expressa da venda de bebidas, os entes federados [os estados] poderão fazer negociações próprias para definir no âmbito estadual se haverá ou não a venda", afirmou Chinaglia.
De acordo com o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), o governo informou a líderes da base que "bebida nos estádios não tem seu patrocínio". O governo, disse ele pelo microblog Twitter, é "indiferente". "Texto da bebida terá dois caminhos: relator reconsidera ou irá a voto no plenário. Relator devera retirar. Bebida, a meu ver, está fora", escreveu.
O relator da lei, deputado Vicente Cândido (PT-SP), discordou dos demais e afirmou que vai resgatar o texto original do Executivo. Ele manifestou contrariedade com o resultado da reunião. "Isso faz parte da negociação, mas acho que o governo expôs não só o relator, como também vários membros que defenderam isso [liberação de bebidas] na comissão especial e em entrevistas", afirmou.
O vice-líder do PT, deputado José Guimarães (CE), afirmou que, com a retirada da liberação da venda de bebidas, a Lei Geral da Copa seria aprovada "por unanimidade". Ao ser indagado se a proibição de álcool nos estádios durante a Copa poderia provocar desentendimento entre o governo federal e a Fifa, o Guimarães afirmou: "Cada macaco no seu galho. A Fifa é a Fifa, o Congresso é o Congresso e o governo é o governo".
Na próxima sexta, a presidente Dilma Rousseff receberá no Palácio do Planalto o presidente da Fifa, Joseph Blatter

Nenhum comentário:

Postar um comentário