sábado, 21 de abril de 2012

Mesmo temendo relações perigosas de Wellington, Silval deve nomeá-lo

 

As ligações perigosas do deputado Wellington Fagundes com empreiteiras estão deixando o governador Silval Barbosa preocupado com o risco de haver repercussão negativa em todo país se nomeá-lo secretário da Secopa, a pasta que cuida de mais 60 projetos preparativos de Cuiabá para o Mundial de 2014 e que devem somar mais de R$ 3 bilhões de investimentos. Apesar disso, a disposição do chefe do Executivo é de arriscar tudo com Wellington, que seria o terceiro a assumir o "pepino" das obras da Copa, depois de Adilton Sachetti e de Eder de Moraes.
O ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot, embora seja do mesmo partiido de Wellington, o PR, revelou à revista Época que teve o nome envolvido em escândalo, o que motivou a presidente Dilma Rousseff a exonerá-lo, por causa de armação da Delta Construções e do contraventor Carlinhos Cachoeira, que está preso, e comentou ainda que Wellington fez lobby junto ao Dnit para diminuir exigências impostas à empreiteira nas obras na BR-163, no trecho da Serra de São Vicente.
Pecuarista, empresário com atuação em diferentes ramos e deputado há 17 anos, Wellington se identifica como homem das estradas. Suas emendas são concentradas na área de infraestrutura. No Dnit em Brasília e na Unit em Cuiabá, assim como na secretaria estadual de Transporte e Pavimentação Urbana, ele costuma entrar pelas portas do fundo, tamanho o trânsito lívre que possui nesses órgãos. É bem articulado e volta e meia acaba citado em relações perigosas. Fissurado por obras, vive numa linha tênua entre o público e o privado. De quebra, ainda conta com trunfo político por presidir em Mato Grosso o PR.
Esta não é a primeira vez que o parlamentar vê o nome envolvido em relações suspeitas. Chegou a ser denunciado junto à Polícia Federal de que, junto com o prefeito de Barra do Garças Wanderlei Farias, estaria recebendo 20% de propina de cada contrato de obras no município direcionado a uma empreiteira. O esquema seria feito com a Assessoria e Construções Ltda (Assecon), do empreiteiro Antonio Jaconini, um dos 26 que foram presos há 2 anos e libertados depois da operação Atlântida. À PF, o contador revelou que Wellington exerce forte influência nas prefeituras, principalmente na de Barra do Garças. Seria o articulador para liberar recursos e, em moeda de troca, embolsaria dinheiro de propina. O deputado negou todas as acusações.
Pressão
Se vier assumir a Secopa, cargo assegurado pelo governador ao PR, Wellington ficará sob investigação de diversos órgãos, que fazem monitoramento permanente, especialmente das licitações. Ademais, enfrentará pressão natural de toda sociedade, preocupada com o prazo curto para conclusão de dezenas de projetos. Na segunda, o Palácio Paiaguás anuncia oficialmente o novo secretário, em substituição a Eder, que passará a presidir a Agência Reguladora dos Serviços Delegados (Ager-MT). É provável que Wellington volte a atuar no Executivo, interrompendo o sexto mandato na Câmara Federal. No governo Dante de Oliveira ele teve uma passagem "relâmpago" pelo Paiaguás, como secretário de Projetos Estratégicos.

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