quinta-feira, 1 de março de 2012

Governo não assistirá 'impassível' a guerra cambial, diz Mantega

1/03/2012 11h04- Atualizado em 01/03/2012 11h39

Segundo ele, dólar entre R$ 1,50 e R$ 1,60 é 'ruim' para o Brasil.
Informou, porém, que governo não cogita taxar investimento estrangeiro.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira (1) que o governo não ficará assistindo "impassível" (sem fazer nada) a guerra cambial que gera a queda do dólar, encarecendo as exportações brasileira e tornando as compras do exterior mais baratas. Foi publicado nesta quinta-feira (1º) no "Diário Oficial da União" um decreto que aumenta o prazo de incidência do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) com alíquota majorada de 6% sobre empréstimos no exterior de dois para três anos.
"Estamos desestimulando a entrada de capital de mais curto prazo no Brasil. Se deve ao fato de que, hoje, há uma grande sobra de liquidez no mercado internacional. Está sobrando dinheiro", disse ele.
Para enfrentar a crise, segundo o ministro, os países considerados mais desenvolvidos estão "emitindo dinheiro". "Não vai para o consumidor. Vai para o setor financeiro, que tem de aplicar este recurso. Como as oportunidades nos países avançados são pequenas, pois não estão crescendo, uma parte vem para os emergentes mais sólidos. Está havendo um ingresso de capital externo no Brasil", explicou Mantega, lembrando que as taxas de juros são mais elevadas no Brasil, possibilitando um ganho em operações de "arbitragem".
De acordo com o ministro da Fazenda, essa ação de países desenvolvimentos, de injetar liquidez nos mercados, caracteriza a chamada "guerra cambial" - expressão cunhada pelo próprio Guido Mantega. "A politica de expansão monetária desvaloriza moedas de outros países e valoriza moeda do Brasil. O governo não ficará assistindo impassível à guerra cambial. Temos de nos defender", afirmou.
Compras de dólares
Ele lembrou que o governo brasileiro, por meio do Banco Central, tem comprado o "excesso" de dólares que vem ingressando no mercado doméstico.
"O BC tem comprado em leilões diários. A tomada de crédito lá fora é em grande escala. Estamos penalizando quando o crédito é de curto prazo. O governo continuará tomando medidas para impedir que o real se valorize, prejudicando as exportações brasileiras", disse ele.
Ao comprar dólares, o governo atua para impedir uma queda maior da cotação da moeda norte-americana. Na avaliação do ministro, um dólar entre R$ 1,50 e R$ 1,60, que vigorou no país, por exemplo, no primeiro semestre de 2011, é "ruim" para a economia brasileira, uma vez que encarece as exportações e barateira os produtos comprados no exterior. Atualmente, a taxa está um pouco acima de R$ 1,70.
"Dólar a R$ 1,50 ou R$ 1,60 é ruim para a economia brasileira. É ruim para a indústria. É ruim para a exportação. Dólar em R$ 1,80 é melhor do que em R$ 1,50. Não estamos buscando nem R$ 1,70 ou R$ 1,80. Gostamos da modalidade de câmbio flutuante. É bom que flutue", concluiu ele.
Sem taxação de investimentos estrangeiros
Mantega acrescentou, porém, que a equipe econômica não cogita taxar os investimentos estrangeiros diretos, que vêm ao Brasil para estimular a produção no país. "O governo não cogita taxar o investimento estrangeiro. Não estamos identificando nenhuma anormalidade nestes investimentos, que geram emprego, paga impostos. É saudável e desejável",

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