segunda-feira, 28 de maio de 2012

Para Polícia, patrimônio de Magda Curvo e família é suspeito

 

Casas em condomínio de luxo são avaliadas em R$ 1 milhão; salário era de apenas R$ 4 mil

MidiaNews/Hipernotícias
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A ex-coordenadora da Conta Única, Magda Curvo, acusada de desvio de dinheiro do Estado
KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
A ex-coordenadora da Conta Única do Estado, Magda Curvo - que ganhou a liberdade no sábado (26) -, negou, em depoimento na Delegacia Fazendária (Defaz), na quarta-feira (23), que tenha recebido dinheiro da fraude na Conta Única do Estado, que causou um rombo de R$ 12,8 milhões aos cofre públicos.

Os delegados Cleibe Aparecida de Paula e Rogério Modelli, que comandam a Operação Vespeiro, confrontaram com Magda o depoimento de Edson Rodrigo Ferreira Gomes, servidor terceirizado, que admitiu que ficava com 20% do dinheiro que era desviado para as contas correntes que ele administrava, por meio de “laranjas”.

“Considerando que, por ocasião do interrogatório de Edson Rodrigo, este afirmou que 80% de todo o valor depositado nas contas correntes das pessoas a ele vinculadas foram entregues por ele em espécie diretamente à interroganda”, diz trecho do interrogatório de Magda.

A ex-coordenadora negou que tenha recebido qualquer quantidade de dinheiro. “Não foi entregue nem em espécie, nem em cheque, nem em transferência bancária, qualquer quantia”, respondeu Magda.

Com uma renda mensal de R$ 4 mil, provenientes de seu salário, Magda, juntamente com seus três filhos, tem casas de alto padrão, localizadas em condomínios fechados e avaliadas em R$ 1 milhão cada. “Acerca das duas residências localizadas no Condomínio Belvedere, onde residem a interroganda e seu filho Giovani, bem como a residência de sua filha Gianne, localizada no bairro Jardim Itália, além da residência de seu filho Giuliano, localizada na cidade de Sinop”, diz trecho do interrogatório.

Sucesso profissional
Para justificar tais bens, Magda os atribuiu aos filhos, que, segundo ela, pagariam as despesas da casa onde ela mora. Ela disse ainda que o filho Giovani investiu, pelo menos, R$ 700 mil em um dos imóveis, mas a fonte do dinheiro seria seu "sucesso profissional".

As investigações da Defaz mostram que Giovani Curvo Muniz é proprietário da empresa Yrix Comunicação Multivisual. Empresa essa que recebeu pagamentos autorizados pela Secretaria de Fazenda, vinculados à Conta Única do Estado, que era coordenada por Magda.

Outro filho de Magda, Giuliano Curvo Muniz, é engenheiro florestal e foi preso pela Polícia Federal, durante a Operação Jurupari, em 2010.

Giuliano foi posto em liberdade pela Justiça, mas responde pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa/passiva, furto, grilagem de terras, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informática, além de diversos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais.

Negócio de família
Além dos filhos de Magda, o irmão, a cunhada e sobrinho também foram beneficiados com o desfalque na Conta Única.
O contador Silvan Curvo, irmão de Magda, e a sua esposa Edilsa Maria, movimentaram as contas correntes de nove pessoas usadas como “laranjas” do esquema. O montante movimentado pelo casal foi de R$ 7.457.297,22 .

"Bagunça" na Sefaz
Magda Curvo também revelou que a “bagunça” na Sefaz é um fator que auxilia as fraudes que ocorrem na pasta.
Segundo a ex-coordenadora, é comum que ofício e ordem de pagamentos sejam quitados sem a devida conferência.

Secretários citados
A ex-coordenadora disse também que todos as remessas de pagamentos feitas pelo sistema BB Pag tinham a autorização do atual secretário de Fazenda, Edmilson Santos, ou de sua adjunta, Avaneth Almeida das Neves.

O ex-secretário Eder Moraes também foi citado no depoimento. Segundo Magda, foi Moraes quem determinou que todo o dinheiro proveniente das contas arrecadadoras, à exceção das convênios, fossem transferidos imediatamente para a Conta Única do Estado.

Em seu depoimento, ela citou também o nome do deputado estadual Gilmar Fabris (PSD), ao discorrer sobre um pagamento de R$ 1.718.936,00, referente à carta de crédito à aposentada Maria Aparecida Oliveira.

Operação Vespeiro
Todos os servidores acusados de envolvimento na fraude já foram afastados dos cargos. Dos 38 mandados de prisão expedidos pela Justiça, 15 foram cumpridos durante a operação.

Relatório da Auditoria Geral do Estado (AGE) aponta que, desde 2007, cada um dos envolvidos recebia, em média, R$ 9 mil por mês, desde 2007. A Delegacia Fazendária estima que o desvio dos cofres públicos pode chegar a R$ 18 milhões.

Os acusados vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, crimes contra administração pública, falsidade ideológica e peculato.

Magda Curvo foi encaminhada para a Polinter e deverá ser transferida, na manhã desta quinta-feira (24), para o Presídio Feminino Ana Couto May.

Ela deverá ficar em cela comum, pois não possui curso de nível superior. Magda deve ficar presa pelo período de cinco dias, em cumprimento ao mandado de prisão provisória

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