quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Família promete manter o legado de Ramis Bucair

  • Família promete manter o legado de Ramis Bucair


  • Com a expedição de Rondon, ele ajudou a desbravar Mato Grosso; filhos querem manter a memória do pai



  • MidiaNews/Divulgação

    Corpo de Ramis foi velado na Capela Jardins; no destaque, cena do seu cotidiano de estudos

    EUZIANY TEODORO
    DA REDAÇÃO
    Morreu na manhã desta terça-feira (20), em Cuiabá, depois de três anos lutando contra um câncer, o espeleólogo e engenheiro agrimensor Ramis Bucair, destacada personalidade cuiabana.

    A família do "explorador de cavernas", como era conhecido, reconhece o legado deixado por ele e promete continuar a obra que ele fazia. Seu corpo foi sepultado no começo da noite, no Cemitário da Piedade, no Centro da Capital.

    A filha do engenheiro, Ramilza Bucair, afirmou ao MidiaNews, durante o velório do pai, na Capela Jardins, que a família vai se empenhar em representar bem o trabalho de Ramis.

    "Vamos continuar administrando o Museu de Pedras, manter as amizades, os lugares em que ele frequentemente ia. Tudo para que a memória dele seja mantida e a contribuição que ele deu a Mato Grosso continue viva", disse ela.

    Ramis Bucair tinha muita história para contar. Participou das últimas expedições do Marechal Cândido Rondon, desbravando o Estado de Mato Grosso. Como engenheiro, foi responsável por vários mapas do Estado, feitos por meio de levantamentos topográficos "in loco". Gostava de viajar, pesquisar, fotografar, topografar e colecionar.

    O genro, Maurício Menezes, conta que o cientista era sempre "muito família". "Sempre muito carinhoso, mas também dava jeito de escapar e ir encontrar os amigos, como Rubens de Mendonça e Silva Freire [nomes ilustres da história das Letras mato-grossenses]. Ele deixa o legado da cuiabania e uma grande contribuição cultural e histórica", afirmou.

    Ramis Bucair explorou 39 cavernas em Mato Grosso, no total. Neste período, sofreu com a malária por 29 vezes e superou a doença. O histórico erguido por ele nessas explorações está no Museu das Pedras que leva seu nome e que está localizado no Calçadão da Rua Galdino Pimentel (antiga Rua do Meio). Seu escritório tem sede na Rua Pedro Celestino (Rua de Cima), no Centro Histórico de Cuiabá.

    O vereador por Cuiabá, Paulo Borges (PSDB), afirmou que os jovens cuiabanos têm a responsabilidade de representar personalidades que se vão, como o próprio Bucair, e também Névio Lotufo, grande dançarino, colecionador, fotógrafo, que também morreu neste ano.

    "Temos que estudar o passado deles e adquirir esses ensinamentos para fazer uma cidade melhor e um Estado melhor", defendeu o vereador tucano.

    História
    Ramis Bucair nasceu em Poxoréu (251 km ao Sul de Cuiabá), no dia 13 de junho de 1933. Seu pai, José Bucair, era um comerciante libanês, que veio a Capital de Mato Grosso em 1922 para abrir uma loja de tecidos e gêneros alimentícios, na atual Rua General Mello. Na capital, José Bucair casou-se com Helena, uma cuiabana com a qual teve seis filhos.

    Ramis estudou o primário como interno no Colégio São Gonçalo e completou o ginásio no antigo Colégio Estadual, hoje Liceu Cuiabano. Assim que terminou o curso ginasial, foi completar os estudos em São Paulo. Fez o curso de Agrimensura e, logo em seguida, o de Espeleologia.

    Desde que voltou para Cuiabá, em 1953, ele não parou mais de viajar, pesquisar, fotografar, topografar e colecionar. Na época, quando Cuiabá tinha carência de engenheiros, não faltou trabalho em seu escritório de engenharia, aberto no centro da cidade.

    Fazendo levantamentos topográficos para empresas e governos, Ramis Bucair desbravou o Estado de Mato Grosso.

    Em 8 de abril de 1959, Ramis Bucair fundou em Cuiabá o "Museu de Pedras Ramis Bucair", para abrigar a sua coleção particular. Trata-se do único museu particular do gênero no Brasil. (o registro do museu na Secretaria Estadual de Cultural é o Número 1, do Livro 1, Folha 1).

    Dois meses depois de fundar o museu, no dia 13 de junho, Bucair se casou com a cuiabana Elza Faria. Juntos, tiveram quatro filhos: Ramis Júnior, também engenheiro, Rosbek, economista, Ramilza, administradora, e Rógina, pedagoga.
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