sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Pressionado, presidente do Irã visita 'aliados' na América Latina

Pressionado, presidente do Irã visita 'aliados' na América Latina

Atualizado em 9 de janeiro, 2012 - 14:11 (Brasília) 16:11 GMT
Ahmadinejad chega à Venezuela na noite de domingo (AP)
Ahmadinejad busca apoio internacional, enquanto é pressionado por sanções ocidentais
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, faz nesta semana um giro por quatro países latino-americanos, em meio a uma crescente pressão externa sobre o Irã e um aumento da tensão doméstica.
Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, o governo iraniano busca "aliviar" os efeitos das sanções econômicas ocidentais sobre o país e evitar um isolamento internacional ainda maior.
Para Mahjoob Zweiri, especialista em Oriente Médio e Irã da Universidade do Catar, a viagem de Ahmadinejad à América Latina é "essencialmente uma tentativa de mostrar aos iranianos que o país não está isolado e que possui amigos dentro da comunidade internacional".
"Ahmadinejad vem sofrendo com imensa pressão dentro da liderança iraniana e é visível o descontentamento de membros do governo com a administração dele."
Além disso, segundo Zweiri, o governo iraniano busca incrementar negócios com países mais "amigos", já que Teerã enfrenta problemas econômicos, agravados pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e outros países ocidentais por conta do programa nuclear iraniano.
"As exportações diminuíram, a inflação aumenta e a moeda iraniana vem perdendo valor. Medidas econômicas internas se mostraram impopulares, e Ahmadinejad já é vaiado por alguns setores da população. Os iranianos sentem-se mais isolados no mundo do que nunca."
Ahmadinejad chegou no último domingo à Venezuela, onde faz sua primeira escala do seu giro pela América Latina. Ele visitará também Nicarágua, Cuba e Equador.
O Brasil não está na agenda de visitas do iraniano. A assessoria de imprensa do Itamaraty afirmou que o governo brasileiro não foi procurado por Teerã para agendar a visita, mas que as relações entre os dois países seguem normais.
Segundo a mídia estatal iraniana, o objetivo da viagem é "fortalecer os laços com os países latinos que mantêm um discurso hostil em relação aos Estados Unidos".

Negócios e amigos

De acordo com Amani Maged, analista político e colunista do semanário egípcio Al-Ahram, o Irã precisa incrementar desesperadamente seu fluxo de negócios estrangeiros e mostrar à sua população que as sanções e isolamento internacionais não afetarão a insistência do país em seu programa nuclear.
"As exportações diminuíram, a inflação aumenta e a moeda iraniana vem perdendo valor. Medidas econômicas internas se mostraram impopulares, e Ahmadinejad já é vaiado por alguns setores da população. Os iranianos sentem-se mais isolados no mundo do que nunca"
Mahjoob Zweiri, especialista em Oriente Médio e Irã da Universidade do Catar
"A América Latina é um dos continentes onde o Irã ainda tem amigos e governos abertos a negócios", disse ele.
Em seu giro latino-americano, o presidente do Irã está acompanhado por uma comitiva de cerca de cem empresários, além dos ministros de Relações Exteriores, da Economia, da Indústria, Comércio e Minas e o de Energia.
"Ele (Ahmadinejad) leva seu alto escalão para combater nas duas frentes consideradas as mais cruciais no momento: diplomacia e comércio", diz Maged.

Desafio

Desde que se tornou presidente, em 2005, Ahmadinejad aumentou os laços do Irã com países latino-americanos, incluindo o Brasil.
Seu governo assinou diversos acordos de cooperação civil e militar com Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua.
Iranianos com bandeiras, em foto de arquivo
Problemas econômicos já causam insatisfação entre iranianos, diz analista
"Sob o ponto de vista diplomático, o Irã busca uma legitimidade internacional nas Nações Unidas e uma frente que se torne um desafio aos Estados Unidos", diz Mahjoub Zweiri.
Para o egípcio Amani Maged, a estratégia diplomática iraniana não pode ser subestimada. "Laços com países latino-americanos também servem para seus interesses diplomáticos."
"Países latino-americanos se tornam ocasionalmente membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, onde (são votadas) muitas das sanções impostas ao Irã. Cortejar amigos na América Latina com certeza é bom para os negócios, sejam eles comerciais ou diplomáticos", diz.

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